terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Expressar

Adorava poder expressar-me em Castelhano, amava conseguir comprar uma bola de berlim em Sueco. Iria passar-me se me apercebesse que vendi uma baga de um chacho de uvas em letóno.

Passarei por todas as ruas de Budapeste sem entender patavina de servo-croata, adormecerei ao som de uma balada em finlandês deitado numa praça dedicada ao Sr. João Carlos Fidalgo algures perdida no Benelux.

Cairei numas escadas incrustadas de gelo numa ilha lá longe onde os icebergues brincam e flutuar livremente pelo oceano tais rebanhos que o são. Tentarei a minha sorte com o pobre alemão que disponho, mas o italiano não entende o que lhe vou tentando transmitir e desisto..

Volto-me para o mar, que um dia já foi interior e relaxo num ilha separada pela cultura. Dou um salto à papa-léguas e aterro no país das Helenas, provo parte da cultura árabe ali deixada e retorno ao meu ponto de origem, desejando poder expressar-me em europeu.

Don't turn you back on me - Guano Apes

Semente

Pequena, rígida, enrrugada, encoberta por uma cada vez mais fina camada de neve puramente branca, essa camada que a impede de brotar à superfície, e vai congelando-lhe as hipóteses que lhe restam.

Cobertor gélido, maldito pelas suas parcas movimentações, esbranquiçado lençol de lágrimas saídas pelo espelho da coisa que detém as pupilas de cada um de nós.

Amaldiçoando o dia em que os seus antepassados foram escolhidos para ser plantados naquele ermo local a pequena semente tenta rasgar pela conjugação de água no estado sólido e com um esforço sobre humano consegue esgueirar-se por entre uma fenda e vê finalmente o quente, feroz e fantástico brilho da lua..

Lua que lhe vai fornecendo toda a energia para crescer, para formar folhas e começar a expandir essas raízes toscas. Debaixo das folhas a outrora barreira de neve que parecia intransponível assume uma nova imagem, uma cedência de espaço à água corrente, dentro de algum tempo desaparece sem rasto deixar...

Symmetry - Mew

A Árvore de...


Vejo-me de fronte à majestosa Senhora do mais belo monte de coisas puterfactas que só podem ter sido origninárias das mais potentes partes do físico humano, claramente o que é aqui descrito é o que designado por cérebro mais coloquialmente.

A ti, tudo o que te é apresentado diante dos olhos é apenas uma pequena parte do que verdadeiramente existe, tudo o que te dizem que és capaz de efectuar é apenas uma pequeníssima parte do que realizarás por iniciativa própria.

Não caias no erro de acreditar em velhos de Lisboa, mestres no mau augúrio, tu tens as capacidades, a disponibilidade e não dispões da visão-curta dessas tartarugas de pensamento para deixares uma valente marca nessa parede de tijolos feitos com argila pobremente condensada.

Todos os frutos dessa árvore são uma célebre lembrança de tudo aquilo que a árvore consumiu para se tornar o que é, o que foi e o que alguma vez será. Quanto daquilo que absorvemos permanece connosco e qual será a quantidade, objectivamente falando que transmitimos para os outros seres?

Ryte (Morning) - Jurga