terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Semente

Pequena, rígida, enrrugada, encoberta por uma cada vez mais fina camada de neve puramente branca, essa camada que a impede de brotar à superfície, e vai congelando-lhe as hipóteses que lhe restam.

Cobertor gélido, maldito pelas suas parcas movimentações, esbranquiçado lençol de lágrimas saídas pelo espelho da coisa que detém as pupilas de cada um de nós.

Amaldiçoando o dia em que os seus antepassados foram escolhidos para ser plantados naquele ermo local a pequena semente tenta rasgar pela conjugação de água no estado sólido e com um esforço sobre humano consegue esgueirar-se por entre uma fenda e vê finalmente o quente, feroz e fantástico brilho da lua..

Lua que lhe vai fornecendo toda a energia para crescer, para formar folhas e começar a expandir essas raízes toscas. Debaixo das folhas a outrora barreira de neve que parecia intransponível assume uma nova imagem, uma cedência de espaço à água corrente, dentro de algum tempo desaparece sem rasto deixar...

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