sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Borracha...

Medo da borracha é facilmente entendido, ninguém quer ser apagado do conhecimento, ninguém quer cessar de existir, os suicidas apenas querem cessar de existir fisicamente, ninguém quer deixar de permanecer na lembrança, nas recordações, nas saudades dos seus pares e amigos/familiares.

Nisto, seria muito mau saber que apenas uma borracha pode limpar tudo, tudo o que conhecemos de nós, aquilo que somos, o que passamos, o que fizemos, ser apagado com um mero gesto.

Muitas vezes damos por nós a pensar o bom que seria ter uma borracha para apagar o assunto de vez, no entanto, quanto não perdíamos, tanta informação que iria para a lixeira. Estive a pensar para com os meus botões quanta e quantas vezes não bloqueamos, bloqueamos certas experiências que não queremos, ou que apenas estão guardadas no disco até ao momento em que delas precisamos. O que me faz sempre pensar que o facto de guardar essas memórias será um sinal de rancor ou apenas uma defesa contra possíveis situações semelhantes, onde usamos essas memórias para não voltarmos a sofrer?

Será que chegamos a um ponto onde até as memórias felizes queremos apagar? Ou pior, apenas essas queremos fazer desaparecer da nossa cabeça, ou simplesmente bloquear, embora o cérebro tenha um sistema automático para bloquear as infelizes deixando as felizes circular livremente pelo pensamento consciente, quase que nos atormentando com a sua beleza efémera do que foi.

Tal e qual a uma couve, verde por fora e verde por dentro, folhas em cima e raízes por baixo.

2 comentários:

Jan disse...

Freud estaria orgulhoso. :P

sonasche disse...

coitado do homem! Deixa-o lá no seu caixão 16X9