terça-feira, 29 de novembro de 2011

Turtule

Tartaruguita, nasceste com essa armadura nas costas. Fez sempre parte desse ti, todos os santos dias na tua vida. Esses dias que passaste a nadar de um lado a outro em correntes mais ou menos geladas sempre impregnenadas com esse sódio que se evadia da tua pele rija. 

Aprendeste a desenvencilhar-te sozinha, fugir aos predadores desde que saiste do monte de areia onde a tua mãe te depositou. Durante muitos anos navegaste sozinha ao sabor da vontade, ansiando por algo mais. 

No final da tua adolescência compreendeste o quão bom é ter alguem para partilhar, para dar e para confiar os mais puros desejos e impuros prazeres. 

A tua carapaça forte foi-se diluindo tanto era o sal dos que te rodeavam que acabaste por perde-la algures pelo caminho. Disseste-me uma dessas noites passeando pelo meio de nenhures que te orgulhavas por tantas vezes bateres com a cabeça na parede do teu aquário, porque não te orgulhas agora?

Sei o que queres, o que precisas, lamento que não o possas ter. No entanto, ficar nesse aquário sozinha o resto do tempo não te vai ajudar e não vai melhorar as coisas. Vai gritar, chorar, berrar, vai! Encontra novamente a corrente que te levava para onde queres ir. Se as outras tratarugas quiserem ir contigo irão, senão encontrarás outras no caminho.

Foca as algas que em ti se entranham e não naquelas que te oferecem mais obstáculos à tua passagem.




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