quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Telhas e crenças


Habito num telhado cheio de telhas, cada uma com a sua textura, a sua cor, o seu formato. Algumas não encaixam muito bem e deixam entrar água na divisão que se encontra debaixo das mesmas. Telhas com formas de cruz, de luas, de suásticas, sem formato definido e algumas, tal como a que me encontro, não existente. Como pode uma telha não existente preencher o espaço deixado vazio pelas outras? É tudo uma questão de perspectiva na minha humilde opinião, eu não tenho espaço vazio, simplesmente a determinada altura na minha vida, esse espaço desapareceu sem deixar um rasto que me permita localiza-lo.

Assim encontro-me, ateu, prestes a celebrar mais uma vez uma festa que se tornou de pagã, a cristã e mais recentemente a consumista, e é sempre irónico. Para mim não é mais do que uma oportunidade de estar em família, mais do que festejar o aniversário de um homem, que eu acredito mesmo que caminhou por esta terra, filho de deus ou não. Várias pessoas me interrogaram sobre o facto de eu ser ateu e me perguntar se não sinto falta de acreditar em algo, numa justiça imposta por alguém, eu penso sempre numa bela música que diz: "Messias, Deus, chefes supremos, Nada esperemos de nenhum! Sejamos nós quem conquistemos".

Muitas vezes vivemos naquilo que eu chamo de síndrome de Sebastianismo, sempre à espera de quem nós venha fazer aquilo que precisemos, quer seja um senhor a vir do nevoeiro, quer seja o estado, que seja o patrão, quer seja o colega. É extremamente necessário que as pessoas levem com a vacina da gripe A a vacina para este síndrome que vai afectando não só a sociedade portuguesa, mas toda a sociedade mundial.

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