
Nisto, seria muito mau saber que apenas uma borracha pode limpar tudo, tudo o que conhecemos de nós, aquilo que somos, o que passamos, o que fizemos, ser apagado com um mero gesto.
Muitas vezes damos por nós a pensar o bom que seria ter uma borracha para apagar o assunto de vez, no entanto, quanto não perdíamos, tanta informação que iria para a lixeira. Estive a pensar para com os meus botões quanta e quantas vezes não bloqueamos, bloqueamos certas experiências que não queremos, ou que apenas estão guardadas no disco até ao momento em que delas precisamos. O que me faz sempre pensar que o facto de guardar essas memórias será um sinal de rancor ou apenas uma defesa contra possíveis situações semelhantes, onde usamos essas memórias para não voltarmos a sofrer?
Será que chegamos a um ponto onde até as memórias felizes queremos apagar? Ou pior, apenas essas queremos fazer desaparecer da nossa cabeça, ou simplesmente bloquear, embora o cérebro tenha um sistema automático para bloquear as infelizes deixando as felizes circular livremente pelo pensamento consciente, quase que nos atormentando com a sua beleza efémera do que foi.
Tal e qual a uma couve, verde por fora e verde por dentro, folhas em cima e raízes por baixo.